terça-feira, 21 de março de 2017

Um poema de Wladimir Saldanha



na morte do bezerra, ou do bezerro

Un golpe de ataúd en tierra es algo
perfectamente serio.
(antonio machado)

Mas que inferno agora é um enterro!
Já ninguém mais se encolhe, ou silencia;
quem chora, chora alto; e há quem ria
na morte do Bezerra, ou do bezerro.

Estar contrito − sério!, é quase um erro.
E enquanto o padre tarda, fica em dia
aquele papo antigo, quem diria
− em um lugar assim, um cemitério!

Marquemos outro dia, outro lugar...
Mas, vá: anote aí meu celular −
é meia, meia... “Mal, Senhor, amém!”

Pois foi melhor assim! Vai repousar,
o que sofreu, agora... E k-k-k!,
...me conte se o Bezerra deixou bens.

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WLADIMIR SALDANHA nasceu em 1977, em Salvador, cidade onde reside. Estreou com As culpas do poema (Scortecci, 2012), livro distinguido com o X Prêmio Literá­rio Asabeça para a Região Nordeste, categoria poesia. Esse primeiro título seria incorporado ao volume Culpe o vento (7Letras, 2014). Lançou ainda Lume Cardume Chama (7Letras, 2014) − obra selecionada para publicação pela Fundação Cultural da Bahia. Participou das antologias portuguesas Poetas na surrealidade em Es­tremoz (2007) e DiVersos – Poesia e Tradução (2008). Recebeu menção honrosa do Prê­mio SESC de Literatura 2011-2012, categoria livro de contos. Possui formação jurídica, sendo também mestre e doutor em letras pela UFBA. Em 2015, lançou o livro Cacau inventado, pela editora Mondrongo, de Ilhéus. 

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