sábado, 11 de março de 2017

Três poemas do 'Teatro de sombras'





BLAISE  PASCAL

nunca
ninguém
jamais
será escutado

surdo é o grito
dos afogados

(Bernardo Souto)

***

HERMES

as brancas águas do silêncio
dissolveram-me os tímpanos
e meu brado lacerou
o duro tecido dos séculos
restou-me caçar esfinges
por entre miragens no deserto

(Bernardo Souto)

***

ECLESIASTES II

nadar
desde a Madrugada dos Tempos
nadar
até que o pescador implacável
lance a rede sobre o mar

(Bernardo Souto)

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SOUTO, Bernardo. Teatro de sombras. Recife: Edições Moinhos de Vento, 2011. p. 16, 24 e 26

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