BLAISE PASCAL
nunca
ninguém
jamais
será escutado
surdo é o grito
dos afogados
(Bernardo Souto)
***
HERMES
as brancas águas do silêncio
dissolveram-me os tímpanos
e meu brado lacerou
o duro tecido dos séculos
restou-me caçar esfinges
por entre miragens no deserto
(Bernardo Souto)
***
ECLESIASTES II
nadar
desde a Madrugada dos Tempos
nadar
até que o pescador implacável
lance a rede sobre o mar
(Bernardo Souto)
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SOUTO, Bernardo. Teatro de sombras. Recife: Edições
Moinhos de Vento, 2011. p. 16, 24 e 26
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