sábado, 4 de março de 2017

Três poemas de 'O corvo e o colibri'





APARIÇÃO

O mistério escapou por entre os dedos
À maneira de um peixe incandescente –
Era azul como o sonho de um pássaro
E negro como as asas da serpente.
O mistério luziu como um relâmpago,
E depois se ocultou, subitamente.

(Bernardo Souto)

***

HERMANN HESSE

Essa mudez verde que há nas árvores
Insuflou em minh'alma uma brisa eterna --
Qual revoada de voláteis aves
Dissolvendo-se no Azul da minha Espera.

Na vida, só é vivo o que arde
Como o incêndio do Sol, ao fim da tarde.

(Bernardo Souto)

***

BREVE HISTÓRIA DA QUEDA

A paz é tão somente
A face oculta da guerra.

O Cordeiro com Olhos em Brasa
Dissipou toda a Treva.

A Virgem vestida de Sol
Reescreveu o Mito de Eva.

Mas como as cobras, escolhemos
Errar por entre a relva.

Não somos leves como as aves:

Eis a nossa tragédia.

(Bernardo Souto)

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SOUTO, Bernardo. O corvo e o colibri. Ilhéus - Itabuna: Mondrongo, 2015. p. 12, 13 e 18.

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