quarta-feira, 3 de maio de 2017

Um poema de Silvério Duque




E sempre, em meu olhar, o mesmo rosto,
a mesma noite, o mesmo labirinto.
O anjo que eu vi cair, já recomposto,
evola-se na luz – Eu não o pressinto...?

Avistei-o, através deste sol-posto,
sob o livor da morte e meus instintos,
ardente e triste sobre os céus de agosto
como as coisas que vi e agora sinto,

pois maior é o Mistério à minha frente.
( Nesse vento indo e vindo pelas portas,
eu penso em Deus e nada está ausente... )

– Somos memória e a morte a todos corta,
meu irmão Esaú precito e crente,
mas só a visão de Deus é o que te importa.

(DUQUE, Silvério. A Pele de Esaú. Itabuna: Via Litterarum, 2010)

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Silvério Duque é baiano, licenciado em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Além de poeta, é músico (clarinetista) e professor de Literatura Brasileira. É autor de cinco livros de poesia: “O crânio dos Peixes” (Ed MAC, 2002 ), “Baladas e outros aportes de viagem” ( Edições Pirapuama, 2006 ), “A pele de Esaú” (Via Litterarum, 2010), “Ciranda de Sombras” (É Realizações, 2011)e “Do Coração dos malditos” (Mondrongo, 2013).

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